Testemunha revela irregularidades no caso BES/GES

Inês Viegas Neves, revisora oficial de contas, continuou a sua declaração no julgamento do caso BES/GES, afirmando que a emissão de obrigações em 2014 não seguia métodos comuns a outras instituições financeiras. Ela destacou que o Grupo Espírito Santo retinha valores significativos fora da entidade emitente, o que gerou riscos reputacionais. Viegas Neves também detalhou como as obrigações eram revendidas a preços inflacionados, resultando em mais-valias não registadas, estimadas em 700 milhões de euros.

Durante a tarde, a testemunha abordou provisões relacionadas a clientes venezuelanos, que inicialmente não estavam previstas, mas que aumentaram progressivamente nas contas do BES. Viegas Neves confirmou que as cartas emitidas revelaram um compromisso de pagamento, colocando esses clientes sob a alçada das provisões. Após longas horas de inquirição, Viegas Neves contestou informações sobre a aprovação de contas, negando ter conhecimento de possíveis falsificações.

A audiência prosseguirá na quarta-feira, focando nas defesas dos arguidos, enquanto algumas testemunhas, incluindo o ex-primeiro-ministro Passos Coelho, tiveram suas audições desmarcadas. O julgamento envolve 18 arguidos, incluindo o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, e várias entidades associadas ao grupo. A situação continua a levantar questões sobre a gestão e as práticas financeiras do BES antes do colapso em 2014.

A continuidade do julgamento revela a complexidade e as graves implicações do caso BES/GES, com indícios de práticas financeiras irregulares e falta de transparência que afetam a confiança no sistema bancário. A revelação de mais-valias não registadas e a gestão das provisões destacam a necessidade de rigor na supervisão financeira.